Tesão nem sempre é sinônimo de lubrificação

 Entenda como é possível ter vontade de transar e, ao mesmo tempo, estar com a vagina seca


*Por Carolina Ambrogini

A sexualidade feminina ainda é tão permeada por tabus que compreender conceitos pode desfazer diversos mitos. Por exemplo, o desejo sexual é algo que acontece na mente: a lembrança de uma transa legal que te faz ter vontade de transar de novo ou assistir a uma cena de filme picante. Já a lubrificação vaginal é a resposta do corpo a esse desejo sexual ou a uma boa estimulação do genital. Ele fica excitado, como se estivesse se preparando para o sexo.

No processo de excitação, os vasos da vagina dilatam e enchem de sangue, em um fenômeno parecido com a ereção do pênis. Então o plasma “vasa” dos vasos sanguíneos e lubrifica o canal vaginal. Além disso, a vagina (órgão interno) se alonga cerca de 3 cm, a vulva (parte externa) também fica também fica inchada e sensível. Mas vagina molhada nem sempre é sinônimo de excitação. No período fértil, por exemplo, é normal o aumento da secreção vaginal – o que não significa lubrificação ou vontade de transar.

Agora vamos entender como é possível uma mulher estar com tesão e, ao mesmo tempo, com a vagina “seca”. Se a lubrificação vaginal é resultado da congestão dos vasos sanguíneos, todas as doenças que acometem o sistema vascular podem atrapalhá-la – como diabetes, tabagismo etc. A ansiedade ou o medo de sentir dor na penetração também podem prejudicar a lubrificação porque liberam adrenalina na corrente sanguínea, causando uma diminuição dos vasos.

Outra condição importante é a menopausa. A falta do estrogênio nesta fase da vida deixa a mucosa da vulva e da vagina com pouca vascularização. Com isso, a lubrificação pode demorar. Existem também situações em que a mente quer transar, mas o corpo demora na resposta de excitação... O casal deve investir sempre em boas carícias para que a vagina se prepare para a penetração – do contrário, o atrito do pênis no canal machuca!

Os lubrificantes íntimos podem ajudar neste processo. Hoje em dia esses cosméticos têm uma textura agradável, alguns esquentam ou esfriam, outros vêm até mesmo com sabor para apimentar mais a relação sexual. Dica: o uso de lubrificantes é essencial nos casos de candidíase ou infecção urinária de repetição e condições dolorosas, como vulvodínea e vaginismo.

Não há vergonha nenhuma em recorrer a um produto que pode favorecer o prazer mútuo! O casal deve dialogar sempre para construir intimidade sexual: um espaço seguro em que cada pessoa pode dizer se está ou não com vontade de transar, quais as suas fantasias, do que seu corpo precisa para ficar excitado e “chegar lá”.

 

*Carolina Ambrogini é médica ginecologista, obstetra e sexóloga. Especialista em disfunções sexuais femininas, coordena o Projeto Afrodite (UNIFESP) e cursos de pós-graduação na área. Colunista da Revista Crescer e palestrante sobre sexualidade.



Comentários

Postagens mais visitadas