Você é uma mulher desejante ou só desejada?

Entenda como ser protagonista da sua sexualidade impacta o prazer e a qualidade de vida

*Por Café com Pimenta

 

“Os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor”. Essa fala está presente na nossa sociedade há muito tempo, mas faz sentido para você? Será que eles são naturalmente mais desejantes e nós queremos apenas ser desejadas?

 

Como mamíferos, homens e mulheres nascem com o mesmo instinto de beber, comer, dormir e se reproduzir. Todos nós temos o impulso primitivo de buscar satisfação sexual, mas o desejo das mulheres vem sendo reprimido pela cultura em diferentes épocas e geografias.

 

O sexo sempre foi naturalmente atrelado à figura masculina: da permissão para conhecer o corpo à autoestima genital, da masturbação frequente ao uso da pornografia, do início precoce da vida sexual como meio de autoafirmação. Homens crescem donos do seu próprio desejo e prazer, podendo fazer escolhas e indo em busca da autorrealização.  

 

Já nós, mulheres, somos distanciadas do nosso próprio corpo e da nossa sexualidade. Esse distanciamento não é algo inato, mas uma construção social. Desde a infância, ouvimos: “Tira a mão daí! É sujo, é feio! Feche as pernas! Sente como uma mocinha!”. Não temos acesso livre e naturalizado à nossa vulva, ao contrário dos meninos.

 

Na adolescência, nos ensinam que se masturbar é inadequado e devemos nos “guardar” para o casamento. Vamos desenvolvendo uma baixa autoestima sexual e nos colocando como coadjuvante da nossa sexualidade. Adultas, aprendemos que o sexo pode ser usado para conseguir um relacionamento e para agradar a parceria - como se o desejo feminino para a busca do próprio prazer fosse inexistente. 

 

A partir dessa perspectiva, a mulher acaba se tornando apenas objeto de desejo, sua validação vem do desejo de outra pessoa atribuído a si e ser desejada se torna uma condição de primeira instância para a construção do seu autovalor.  Segundo a Organização Mundial de Saúde, 46% das mulheres apresentam alguma disfunção sexual, seja pela falta do desejo, dificuldade na excitação ou dor na penetração.

 

A maioria delas não está à vontade com o próprio corpo, tem vergonha e sente como se transasse apenas para satisfazer o outro. Afinal, estamos tão convencidas que só existe espaço para o nosso desejo enquanto desejadas... e não como mulheres desejantes que veem o sexo como algo natural, importante para a saúde física, psicológica e relacional.   

 

Como ser uma mulher desejante

 

É primordial que passemos a olhar para a nossa sexualidade com mais leveza e importância. Isso faz com que comecemos realmente a investir nessa área da nossa vida, desenvolvendo hábitos que nos deixem cada vez mais próximas dessa temática, como: 


  1.  Buscar leituras sobre autoconhecimento sexual, contos eróticos que alimentem a nossa imaginação e fantasia.   
  2.  Conhecer o próprio corpo, principalmente nossa genitália, fazendo as pazes com seu formato, cheiro e funções. 
  3.    Investir em lingeries bonitas para usar para si mesma e não apenas para agradar a parceria. 
  4.  Ter momentos com amigas para conversar sobre o tema, trocar experiências e aprendizado. 
  5. Experimentar novas sensações com uso de sex toys, óleos corporais, excitantes femininos. 

Precisamos cada vez mais nos apropriar da nossa sexualidade e nos colocar no mundo como alguém que pode - sim! - ter desejo por sexo e por realizações pessoais. Um novo emprego, sair de um relacionamento falido, deixar de conviver com pessoas tóxicas, investir em autoconhecimento como psicoterapia, grupos de mulheres, eventos sobre sexualidade etc.

É possível ressignificar esse caminho para estar cada vez mais perto daquilo que nos faz bem e nos impulsiona a ter mais qualidade de vida. Enfim, mulheres desejantes.

 

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