Podolatria: o meu desejo aos seus pés

Fetiche sexual envolve submissão, além de práticas como beijar a sola e chupar os dedinhos



*Por Ana Luiza Fanganiello

Estar – literalmente – aos pés da parceria sexual é o fetiche dos podólatras. Há quem fique excitado de ver, cheirar, cuidar, lamber, chupar, massagear, fazer cócegas e se masturbar com essa parte específica do corpo. A atração erótica pode incluir da sola aos dedinhos até acessórios, como sapatos de salto alto… Aliás, algumas pessoas gostam de ser pisadas durante o sexo.

Estranho? Bem mais comum do que você imagina. Graças ao anonimato da internet, podólatras encontraram gente disposta a vender “pack do pezinho” em plataformas como Only Fans para darem vazão ao próprio desejo sexual por meio de fotos e vídeos. Os homens cis representam 80% dos casos de podolatria, segundo uma pesquisa do Instituto Kinsey (EUA).

Não dá para saber exatamente a “causa” desse fetiche – ou seja, o que faz uma pessoa se sentir atraída por pés e a outra, não. Alguns estudos fazem uma relação com o sadomasoquismo: estar aos pés de alguém seria uma fantasia de submissão. Mas, se a prática for segura e consensual, será que precisamos nos preocupar com isso? Afinal, é normal sentir tesão por pés ou algum tipo de transtorno?

É normal se você está apenas se deliciando com os pés (por exemplo, diferentes estímulos neles como preliminares), mas também se relaciona com outras partes do corpo da sua parceria. Agora, se você só fica excitado ao ver e tocar pés (única fonte de prazer) e isso causa sofrimento ou prejuízo na sua vida… Pode ser um transtorno parafílico, algo que requer acompanhamento com psiquiatra e terapeuta sexual.

Mas é sempre válido explorar o seu corpo, os seus desejos e os seus limites. Uma sexualidade saudável e positiva – que vá além do “papai e mamãe” com finalidade reprodutiva – sempre vai romper tabus. Que tal dar um passo à frente e experimentar algo novo? Os pés também podem integrar o seu cardápio sexual.

 

*Ana Luiza Fanganiello é psicóloga clínica, psicodramatista e sexóloga. Mestra em sexualidade e cofundadora do Núcleo Trans, ambos pela Unifesp. Integrante do Coletivo Ser.

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