Perrengue íntimo: 5 dúvidas comuns sobre vulva e vagina

Ginecologista explica por que ela não é simétrica, tem secreção natural, pode escurecer, coçar e ficar com mau cheiro




*Por Teresa Embiruçu

Muitas mulheres estão insatisfeitas com o formato, a cor ou o cheiro da própria vulva. Outras tantas se sentem incomodadas com a secreção natural da vagina. E existem aquelas que morrem de vergonha quando surge uma coceira entre as pernas.

O que todas elas têm em comum? O tabu de falar - inclusive com o ginecologista - sobre o que acontece com o corpo e a sexualidade feminina. A seguir respondo cinco perguntas frequentes de pacientes sobre a anatomia íntima.

Mas, antes, vale lembrar que vulva é a parte externa do órgão genital (onde estão os lábios, o clitóris e a uretra); vagina é o canal interno (onde pode acontecer a penetração).


1.   Por que minha vulva não é simétrica?

Porque a simetria no corpo não é uma regra. Um lábio interno pode ser maior do que o outro, mais fino, ter coloração diferente ou ser mais rendilhado. Isso não é um problema, uma doença. Quando você era um embrião, durante a divisão de células, foi mais quantidade para um lado do que para o outro. Mas a assimetria começa a chamar a atenção geralmente na puberdade, quando os hormônios agem e a vulva vai se diferenciando. Também é comum perceber uma mama diferente da outra.


2.   Por que minha vulva escureceu?

Muitos fatores podem levar à hipercromia na vulva (escurecimento) porque essa região tem bastante melanina (responsável pela cor). Condições como atrito (por exemplo, uso de roupa justa), processo inflamatório crônico (comum com depilação, micoses), alterações hormonais (como na gravidez), diabetes, avançar da idade e até mesmo fator genético podem causar o escurecimento da vulva, que é muito mais comum do que se imagina.
 

3.   Por que minha vulva coça e arde?

A vulva pode coçar por vários motivos: crescimento ou inflamação do pelo, depilação, alergias (a absorvente, ao látex, ao produto de higiene), por proliferação de fungos (como a candidíase), doenças autoimunes (como liquen vulvar), perda de urina (nas incontinências urinárias) e em situações de ressecamento (como na atrofia vista na menopausa). 
A coceira na vulva nem sempre é acompanhada de coceira na vagina (canal interno) – neste caso geralmente existe um corrimento associado. A ardência pode ser um sintoma que anda de mãos dadas com a coceira. Coçar já arde. Situações mais comuns de ardência são os processos inflamatórios, úlceras, fissuras e herpes. Mas quando não há nenhuma alteração visível na vulva, devemos pensar no diagnóstico de vulvodínia, que pode ter como sintoma principal a ardência e não dor. 

 
4.   Por que minha vulva fica com mau cheiro?
 
A vulva e a vagina têm cheiros bem característicos – o que não quer dizer ruins, necessariamente. Durante o período menstrual ou na presença de muito suor na região, eles podem ficar mais fortes. É preciso fazer uma boa higiene íntima, retirando o acúmulo de secreção gordurosa entre os lábios vulvares e embaixo do capuz do clitóris.
Além disso, a presença de bactérias que se proliferam principalmente quando há uma alteração do pH vaginal (por exemplo, com aumento da frequência sexual com contato com sêmen) pode liberar algumas substâncias que causam um odor bem desagradável. O uso de camisinha seria uma alternativa para evitá-lo.

 
5.   Por que minha vulva tem secreção?
 
A vulva é uma região úmida e quente, rica em glândulas sudoríparas (suor) e em glândulas sebáceas (gordura). É normal que a vulva tenha secreção principalmente entre os lábios vulvares e na entrada vaginal. Próximo à abertura da vagina existem as glândulas de Bartholin que produzem muco. Junto com a umidade da vagina, diminuem o atrito quando há penetração vaginal.
Autoconhecimento e autocuidado são fundamentais para vivenciar a sexualidade de forma saudável, prazerosa, plena. Informe-se para que mitos não se transformem em nóias!
 

*Teresa Embiruçu é médica ginecologista, obstetra e sexóloga do Coletivo Ser e do Projeto Afrodite da UNIFESP

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