Mitos e verdades sobre masturbação peniana

 Urologista explica se a prática interfere no tamanho do genital, se existe frequência ideal, quais os benefícios e os cuidados recomendados...


*Por Matheus Brandão Vasco

 A masturbação é uma prática natural e muito comum. Para se ter ideia, 44% dos brasileiros se masturbam entre uma e três vezes por semana, de acordo com uma pesquisa da plataforma Sexlog (2018). Ainda assim, o tema ainda é cercado de crenças e mitos. Muitas dúvidas permeiam o imaginário e os consultórios de urologia – querem saber, por exemplo, se a masturbação aumenta, engrossa ou entorta o pênis, se existe uma frequência ideal...

 A descoberta do prazer sexual pela masturbação coincide com a puberdade, que geralmente ocorre entre 9-14 anos. Nessa fase da vida, os hormônios provocam modificações no corpo do menino - como surgimento de pelos pubianos, aumento dos testículos e do pênis (comprimento e espessura). Ou seja, não é a prática em si que influencia o crescimento do genital. Ter um pênis deste ou daquele tamanho tem a ver com questões biológicas, como hereditariedade, e não com a quantidade de vezes que o garoto se masturba.

 Da mesma forma, a masturbação não pode ser culpada por “entortar” o pênis ou prejudicar como ele se estabelece até a fase adulta. Ao longo do seu desenvolvimento, o órgão genital pode ter algumas tortuosidades em sua estrutura final, decorrentes de diferentes fatores (traumas, fraturas, fibrose etc). Essas curvaturas podem ser mais ou menos impactantes na vida sexual. Em caso de dúvidas, vale procurar um urologista.  

 Em relação à frequência da masturbação, não há certo ou errado. Ela é um comportamento baseado no desejo e na demanda de cada pessoa – portanto, deve ser tratado de maneira individualizada. Não existe um manual acadêmico de “boas práticas” ou uma quantidade considerada cientificamente ideal. Mas, se você sente que a prática está interferindo negativamente na sua vida profissional, social, amorosa... Converse com um médico urologista.

 A masturbação peniana não é apenas saudável como também recomendável por seus benefícios. Entre eles estão ampliar o conhecimento do próprio corpo, satisfazer o próprio desejo sexual quando não quiser ou puder fazer sexo, diminuir a ansiedade antes da penetração, ajudar no tratamento das dificuldades com a ejaculação (por exemplo, homens que se queixam de “gozar rápido” ou demorar para ejacular).

 No entanto, é preciso tomar cuidado com a pressão e a velocidade da masturbação para não causar lesões ou ferimentos no pênis, com a higiene e alergias a produtos (evite alimentos e géis que não sejam próprios para o uso íntimo), com um condicionamento negativo chamado de Síndrome do Punho de Ferro. Neste caso, o homem só consegue ter prazer quando estimulado pela masturbação, limitando as relações sexuais.

 Falar de masturbação é fundamental para garantir que as pessoas façam escolhas bem-informadas e tenham saúde sexual.

 

*Matheus Brandão Vasco é urologista e andrologista, coordenador de ambulatório da Unifesp.

Comentários

Postagens mais visitadas