Como o autocuidado contribui para a libido?

 


Priorizar-se e buscar pequenos prazeres na rotina pode melhorar a sua vida sexual.




*Por Théa Murta

Autocuidado vai muito além da preocupação com a estética e a beleza: trata-se de um olhar atento, cuidadoso e afetuoso sobre si que se traduz em ações e comportamentos diários. Ele alimenta, por exemplo, a nossa autoestima e o amor-próprio. Embora seja fundamental para a saúde física, emocional e sexual de todas as pessoas… o autocuidado ainda é pouco praticado pelas mulheres. Vamos entender o porquê disso e o impacto na libido feminina?

A razão central é que tendemos a priorizar o cuidado de todos, menos de nós mesmas – ficamos no último lugar da fila. Em geral, somos o apoio das outras pessoas. O autocuidado se inicia com autoconhecimento: identificando seus gostos, desgostos, valores, limites… E então inserindo pequenas atitudes na sua rotina que estejam alinhadas com esse pacote.

Não existe um único caminho ou uma forma certa de fazer isso. Somos múltiplas, diversas e singulares. O que te traz mais leveza, tranquilidade, bem-estar e conexão consigo mesma? O que cabe no seu processo de autocuidado é o possível para a sua realidade. Faça o melhor com o que está disponível no aqui e agora, sem criar grandes expectativas. Pergunte-se: “O que eu posso fazer hoje para cuidar melhor de mim?”.

Talvez seja tomar um banho com mais calma, aproveitando para sentir os pontos sensíveis ou doloridos do corpo. Talvez seja parar por dez minutos para tomar um café sem pensar em nada, apenas apreciando o momento. Com a frequência, torna-se um hábito. Em breve você consegue fazer mais atividades prazerosas e aprende a dizer “não” quando necessário.

E o que autocuidado tem a ver com libido?

Libido não é apenas algo sexual, como a vontade de fazer sexo. Libido é também nossa energia para estar no mundo de maneira viva, potente e criativa. Ela existe primeiro em nós e, quando desejamos, compartilhamos com as pessoas.

Mas, como estamos habituadas a cuidar do outro e colocá-lo como prioridade, costumamos relacionar a nossa própria libido à parceria (como se não pudéssemos sentir tesão por nós mesmas ou outras pessoas, por exemplo) e colocamos o prazer alheio acima do nosso.

Além disso, a libido precisa ser nutrida e cuidada, assim como nossa saúde física e emocional. Não é algo que ou temos ou não temos, mas que desenvolvemos e alimentamos dia a dia. É bem difícil ter libido se não cuidamos da nós mesmas.

Autocuidado pode e deve ser também tempo de qualidade para si mesma com o seu corpo, suas fantasias e erotismo. Fazer carinho em si mesma, ativar suas percepções e sensibilidades, lembrar-se da própria potência, da capacidade que você tem de responder a bons estímulos.

Auto toque, masturbação, prazer e orgasmo também são formas de autocuidado e até mesmo de autoamor.

*Théa Murta é psicóloga, especialista em Análise do Comportamento, Neuropsicologia e Sexualidade Humana. Membro da Comissão Mulheres e Questões de Gênero do CRP-MG.

Comentários

Postagens mais visitadas