Como superar a vergonha de receber sexo oral

 

Sexóloga reflete sobre as causas do tabu, como o medo do cheiro da vulva, além de dar dicas para relaxar e gozar com a prática



*Por Mayara Magalhães

Não há como negar: sexo é, antes de tudo, troca de fluidos. Saliva, suor, secreções, sêmen, sangue. Esses aspectos biológicos soam naturais e excitantes para algumas pessoas, mas outras (especialmente mulheres) podem sentir vergonha, nojo ou até repulsa do próprio genital. Como você vai permitir que alguém coloque a boca na sua vulva e vagina para fazer sexo oral se não está confortável com o formato, o cheiro, a umidade, o gosto delas?

Historicamente a sexualidade feminina foi colocada em um lugar de intensa vulnerabilidade. E, quando nos sentimos vulneráveis, nos preocupamos ainda mais com o julgamento alheio. Seria algo como: “O que ele/a vai pensar de mim enquanto estiver cara a cara com a parte mais escondida do meu corpo?”.

Autoestima genital: “cheiro de bacalhau”

Primeiro, é preciso entender o básico sobre a anatomia feminina. A nossa vulva é única e dispensa qualquer comparação – muito menos com o padrão das revistas masculinas e dos filmes pornôs. Na vida real, algumas mulheres terão os lábios internos menores e outras, maiores (hipertrofiados). Nem sempre eles terão o mesmo formato ou tamanho. A tonalidade de cores vai do rosa claro ao arroxeado. O clitóris pode ser mais exposto ou escondido. Está tudo bem! Se não temos narizes iguais, por que seria diferente lá embaixo?

Além disso, vulva e vagina têm cheiro e gosto de... vulva e vagina. Não espere que, ao abrir as pernas, seu genital exale naturalmente um perfume de rosas ou tenha gosto de frutas vermelhas. Pênis também “vêm de fábrica” sem esses artifícios. Se você está saudável (sem infecção e corrimento estranho, por exemplo) e faz uma boa higiene íntima (apenas da parte externa), não há por que achar que sua vulva e vagina “fedem a peixe podre” ...

Mas, sim, talvez você se sinta mais segura de receber sexo oral depois do banho ou com ajuda de um cosmético íntimo beijável [a SOPHIE tem opções de caldas corporais nos sabores pistache, cereja marasca, trufada]. Ao desencanar do tabu em relação ao cheiro e ao gosto da vulva e vagina, é bem provável que você se foque na sensação física de ter uma língua por ali e ao menos dê uma chance para esse tipo de estímulo sexual.

Reposta sexual: “demora muito para gozar”

Outro fator que pode fazer as mulheres recusarem o sexo oral é a ideia de que levam tempo “demais” para chegar ao orgasmo assim. Elas têm receio de cansar e incomodar a parceria – como se não houvesse a menor possibilidade de essa pessoa ficar muito excitada proporcionando prazer com a boca. Acredite: tem gente que curte muito, não faz simplesmente por obrigação ou para parecer “bom de cama”!

É verdade que a excitação feminina demora mais para acontecer, seja porque precisamos de mais sangue na região pélvica (o que leva mais tempo) ou temos mais dificuldade para nos concentrarmos no sexo (culpa da carga mental!). Dicas para acelerar esse processo: um bom gel excitante - como o SO Intense da SOPHIE – ou um vibrador no clitóris.

Entregue-se à experiência e esteja disponível para apenas RECEBER prazer. Sim, está liberado ser um pouco egoísta no sexo. Ao contrário do que nos ensinaram, mulheres não têm que apenas satisfazer os desejos da parceria. Para o sexo oral em você “demorar menos”, que tal comunicar como você gosta? Qualquer sinalização já ajuda: vale falar com todas as letras, mexer o quadril para indicar o ritmo, suspirar quando estiver no lugar certo...

Mesmo depois de algumas tentativas, o sexo oral não pareceu interessante? Não é a sua? Sem problemas. Afinal, é uma questão de gosto. Ninguém deve se submeter a uma prática sexual apenas porque outras pessoas adoram – especialmente se isso faz com que você se sinta mal ou violada. Sexo deve ser sempre sobre prazer, jamais sobre obrigação. Compartilhe com a sua parceria de que outras formas você prefere ter a sua vulva estimulada.

 

*Mayara Magalhães é psicóloga e sexóloga clínica com interesse especial pelas queixas de orgasmo, ereção e ejaculação. Mora em Salvador (BA), mas realiza atendimentos online para pessoas de todo o país.


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